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Psi.

Joel Reis

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Ser psicanalista não significa ser o dono da verdade sobre os outros.

Sigmund Freud

Disse que ser psicanalista não significa ser o dono da verdade sobre os outros.

Trata-se de ajudar as pessoas a descobrirem a sua própria verdade. O princípio básico da psicanálise é ajudar os pacientes a compreenderem as suas próprias emoções, pensamentos e comportamentos.

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Por isso, impor ideias ou soluções preconcebidas não é correto, pois o psicanalista deve ser como um guia, ajudando o paciente a descobrir suas verdades internas de forma autônoma.

Caminho sem fim?

O domínio da personalidade, por demasiado extenso, não pode ser investigado completamente. O poder da psicanálise demonstra a qualquer psicanalista que adjetivos como “completo” ou “plena” não têm lugar ao qualificar análise. Quanto mais meticulosa a investigação, mais claro se torna que, ainda que a psicanálise seja prolongada, ela representa apenas o começo de uma investigação. Ela estimula o crescimento do domínio que investiga (Bion, 1970, p. 76).

A personalidade do analista e o vínculo que se estabelece entre analisando e analista são os elementos principais em um processo psicanalítico. O recorte feito do que se observa na experiência emocional de uma sessão e a verbalização do vivenciado pelas duas pessoas presentes são dependentes da subjetividade, por mais objetivos que queiramos ser.


A apresentação de material clínico, seja em vinhetas ou na transformação de uma sessão, torna-se importante para que se possa apreciar e teorizar, a posteriori, como estão sendo a apreensão e a realização de conceitos e teorias, o que não invalida outras compreensões e diferente aporte teórico. Somente na prática é que se pode tornar vivo, real, o que na teoria pode ser lógico, bonito, inteligente, mas não demonstra como é estar na frente de batalha.


Durante muito tempo a preocupação dos analistas esteve voltada para a questão de cura, remoção de sintomas, embora Freud considerasse que isso seria um efeito colateral do trabalho. Com o avanço da percepção do mundo psíquico, maior número de analistas volta seu interesse para a expansão da mente, de modo a passar de um conhecimento de si próprio para um poder vir a ser o que se é.

Não basta saber ser possuidor de inveja, ciúme, ódio, amor, generosidade, coragem etc, o essencial é vivenciar tudo isso na experiência emocional junto ao outro, em suas múltiplas nuanças e momentos, aprimorando a capacidade de pensar, reconhecendo e apreendendo a parte psicótica da personalidade que todos nós contemos. Isso leva tempo.


Bion propõe um modelo para a mente; seria como um mapa-múndi formado por distintas regiões não-lineares, que se enovelam, planas, montanhosas, quentes, temperadas, geladas, que deveriam ser visitadas em uma psicanálise, tornando-nos cada vez mais senhores de tudo que herdamos, favorecendo nossa criatividade, para nos enfrentarmos com nossas vicissitudes. Nesse processo, vai se desenvolvendo na personalidade uma função psicanalítica, que permitiria um processo contínuo de auto-análise. Trata-se do processo necessário a analista e analisando.


Referências Bibliográficas e Fonte

BARROS, Elias Rocha. Problematizando. Rev. IDE. S. Paulo. (39): 2-7, 2004. [ Links ]

BION, W.R. (1962-63). Aprendendo da experiência e Elementos de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1966. [ Links ]

BION, W.R. (1965). Transformações. Rio de Janeiro: Imago, 1991. [ Links ]

FREUD, S. (1913). Sobre o início do tratamento. [ Links ]

FREUD, S. (1917). Conferências introdutórias sobre psicanálise. In: FREUD, S. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976. vol. XVI. [ Links ]

Fonte: Rosa Broner Worcman*

Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

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